sexta-feira, 17 de abril de 2009

IRMÃO ANTÓNIO NUNES - MISSIONÁRIO COMBONIANO

IRMÃO
ANTÓNIO NUNES

Chama-se António Manuel Nunes Ferreira e nasceu no Brasil em 1972. Um ano depois, os seus pais regressaram a Portugal e ele veio com eles! Fixaram residência em Vila Chã – Vila do Conde.
Estudou na escola primária da freguesia de Vila Chã, a sua escolaridade foi feita até ao 10.º ano.
Depois, devido a dificuldades económicas, foi trabalhar numa empresa têxtil. Tinha o irmão, 16 anos.
O seu irmão Luís, era assinante da Audácia. Foi aí que as histórias da banda desenhada que falavam dos missionários e das suas aventuras para ajudar os mais desfavorecidos, levando a Boa - Nova de Jesus que os libertava e lhes dava esperança, fizeram-no questionar-se: E porque não eu?
Quase com 19 anos entrou no seminário menor de Vila Nova de Famalicão. Com alguma pesquisa descobri que os seus formadores foram o irmão Humberto Rua e o Padre Silvério Malta. Começou aí a identificar-se com a vocação de irmão missionário.
Até então não sabia que os irmãos existiam! Nem imaginava o trabalho que faziam para ajudar o próximo.
A primeira consagração a Deus para a Missão foi em 17 de Maio do ano de 1997, em Santarém.

Fez os votos perpétuos a 29 de Abril de 2007 em Vila Chã - Vila do Conde , na Igreja Paroquial de São Mamede de Vila Chã. Igreja onde ele iniciou sua vida religiosa, e que agora sentiu a alegria de ver esse seu discípulo, receber os seus votos.

Fez a sua formação em Nairobi (Quénia), de 1997 a 2001. Regressou a Portugal em 2001 e frequentou o curso de Enfermagem em Viseu.
A área da saúde sempre o fascinou pelo que implica de contacto com toda a nossa humanidade e com o divino.

A vida e a morte são uma luta constante, e Deus serve-se de nós para lutar pela vida! (diz o Irmão)
Ele sempre quis tirar o curso de Enfermagem, mas as oportunidades teimavam em não aparecer e o projecto era adiado! No Quénia, segui grupos de apoio às vítimas da sida.
No contacto com esses pacientes, sentindo a impotência de quem quer ajudar e não sabe como, a sua decisão tornou-se mais forte e, com o apoio dos seus superiores, iniciou o curso de Enfermagem aos 30 anos!
Hoje sente-se feliz e sente uma grande responsabilidade por poder prestar tal serviço aos que mais precisam. É tão bom quando Deus nos dá a possibilidade de resgatar vidas quando tudo parece perdido! Como enfermeiro e missionário, a sua experiência tem sido uma experiência cinco estrelas! Cada dia é um desafio e uma gratificação.
Os meios de que dispõe são escassos e em certas áreas tem mesmo de improvisar, criar alternativas para preservar a vida daqueles a quem tentar curar e ajudar.
Ser missionário - enfermeiro é ter uma grande dimensão de confiança, saber que não está só quando desempenha as suas funções como agente de saúde.
Os milagres acontecem quando são vistos casos que parecem perdidos “ressuscitarem” com uma energia que só Deus pode dar!
Assim é a vida do Irmão Nunes. Filho adoptivo desta Freguesia de Vila Chã de quem só temos motivos para orgulho.
Bem haja Irmão!
Que Deus o ilumine e o acompanhe nessa tão grandiosa missão que resolveu abraçar para a sua vida.
Bem haja!
Artigo escrito por Maria Gonçalves com informações recolhidas entre uma conversa e outra com o pai do Irmão Nunes e alguma leitura em diversas fontes.

Vila Chã e o seu Passado

O seu Passado

O povoamento do território ocupado por Vila Chã pode reputar-se de época anterior à fundação da Nacionalidade.
Vila Chã pertenceu, desde os primórdios, às “Terras da Maia” e tanto assim é que era conhecida por Vila Chã da Maia. A partir da Divisão Administrativa de 6 de Novembro de 1836 passou a integrar o concelho de Vila do Conde. A Freguesia resultou da fusão de duas villas romanas, a “Villa Plana e a Villa Miranci”, esta última situada a norte do actual ribeiro e cujo povoado deveria ocupar o actual lugar dos Merences. Ameaçada pela invasão das areias a população de Miranci transferiu-se para “Villa Plana”. Esta mudança terá ocorrido nos finais do século XIV ou inícios do século XV. A última referência a Miranci é de 1318 e consta da doação de uma herdade ao Convento de Santa Clara.
O documento mais antigo que se conhece referente a Villa Plana consta da colectânea “Portugalia e Monumenta Histórica”, de Alexandre Herculano e trata de uma doação de prédios em Terroso e Villa Plana, no ano de 1033. Transcreve-se a parte do documento em que Villa Plana é mencionada...” e outras entre Ave e o rio Labrugia chamada Villa Plana sitos entre Mirazi e Moreirola”...
Por aqui se vê que o documento de 1033, em que é comprovada a existência de Villa Plana, é anterior em 110 anos a D. Afonso Henriques ter sido reconhecido como Rei, o que aconteceu a 3 de Outubro de 1143 (Tratado de Zamora), reconhecimento esse que viria a ser confirmado pelo Papa Alexandre III em 23 de Maio de 1179.
Nas Inquirições de 1258 (D. AfonsoIII) S. Mamede já era o Padroeiro de Vila Chã. As relíquias deste Santo estão na Catedral de S. Mamede em Langres – França.
Por estas Inquirições ficamos a saber que Villa Plana tinha nessa altura 21 casais e que cada um deles pagava, mensalmente quatro dinheiros de imposto (e tinham a obrigação de dar alimento ao rspectivo cobrador!). Pela Inquirição de 1307 (D.Diniz) concluímos: que no lugar de Meranci havia 19 casais.
No documento de 1033 já mencionado consta a doação de Villa Plana, feita por D. Vistrégia Galindes a D. Gutirre Trucezindes e, dos bens doados, reza expressamente a Igreja, que segundo a mencionada D. Vistrégia já havia recebido de seus pais e avós. Assim sendo, a primeira Igreja data, no mínimo, do século X. Também já sabemos que no século XIII S. Mamede já era o seu Orago. A construção era românica, tinha uma só nave e teria a largura da capela-mor do actual templo, mas com cerca de 20 metros de comprimento. A sua torre sineira, para dois sinos, ficava do lado Sul, no prolongamento da fachada principal, que estava virada a Poente.
Ao fim de um milhar de anos, depois de ter resistido ao terramoto de 1755, ameaçava ruína. Por portaria de 13 de Fevereiro de 1918, foi autorizada a sua demolição e a construção do novo Templo será feita a expensas dos habitantes da Freguesia e continuaria, como acontecia com a anterior, a ser propriedade do Estado.
A construção da nova Igreja, a expensas da Freguesia, fica a dever-se ao então Pároco António Álvares dos Santos Júnior (que ficaria conhecido como Senhor Padre António) e que serviu a Freguesia entre 1906 e 1911 como coadjutor do Padre Vitorino, e até 1924 como titular. As dimensões aproximadas da Igreja são: Capela-Mor - 10x6,5 metros e 8 de altura; Corpo da Igreja – 21x9 metros e 8 de Altura; Torre Sineira – 15x , 4,5 metros, tendo a sua cúpula, que ra de granito e ruiu em consequência do terramoto de 28 de Fevereiro de 1969, sido reconstruída em betão. A Torre Sineira tem aberturas para 4 sinos, embora existam apenas dois.

Artigo escrito por José Magalhães